sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A nossa sugestão

 Viaje pela extraordinária vida de Calouste Gulbenkian, um arménio misterioso que se tornou um dos homem mais ricos do mundo e que escolheu Lisboa para viver.
Considerado o maior colecionador de arte do seu tempo, tenta encontrar a resposta para uma pergunta que o persegue a vida toda:
- O que é a beleza?

Tente descobrir a resposta nas mais recentes obras de José Rodrigues dos Santos.

Disponíveis para si, na sua Biblioteca Andarilha!


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

10 meses de avanços e recuos

Estamos no Inverno. O frio arrepia a pele, chove. Três mulheres grávidas, carregadas com as suas crianças atravessadas na cintura, avançam em passo acelerado. Cobrem a cabeça das crianças com cobertores e passo a passo sobem até à cidade. De quinze em quinze dias é assim. Vêm do Bairro das Pedreiras para mais uma sessão de leituras de cueiros, uma parceria com a Cáritas Diocesana de Beja, no âmbito do projeto dos " Livros sem página às Páginas dos livros “. (...)

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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

E foi lindo de ver!


Semana longa esta: Albernoa , Baleizão, São Matias e Beringel , Salvada. Crianças, idosos, 6 grupos corridos , 8 paragens da Andarilha.

Terminei a sessão e ponho-me a caminho. Vou apanhar a Helena Ribeiro ao cruzamento entre Salvada e Cabeça Gorda. Está um frio de cão. O Sol ilumina sem aquecer.  (...)

Hoje conseguimos escutar toas as vozes: uns contando de memória , reconhecendo contos , associando a outras histórias. Até aquele romance que quase todos sabiam vagamente  e sobre o qual nunca haviam pensado. O da Bela infanta . Canto duas estrofes e narro introduzindo mais elementos :
Estava a bela Infanta | No seu jardim assentada | com pente de oiro fino seus cabelos penteava – conto que havia um  castelo e nele uma mulher tão bela que todos lhe chamavam bela infanta. Seu marido tinha partido para  longe , um dia quando penteava os seus cabelos com um pente de oiro fino – Jogou os olhos ao mar/ viu vir uma grande armada / Capitão que nela vinha / muito bem a governava – ai quem seria? , pensou a infanta ….
E foi lindo de ver: havia quem murmurasse pedacinhos de texto, os olhos a brilhar, o prazer da escuta, o encantamento nos rostos cheios de rugas. A partir dali fomos viajando nas  histórias contadas, nas memórias de terem sido um dia embaladas nesse cante.
Veja o resto em Diário de Bordo...
 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Dia de Reis

Boas noites, meus senhores,
Boas noites vimos dar,
Vimos pedir as Janeiras,
Se no-las quiserem dar.

Aqui vimos, aqui vimos
Aqui vimos bem sabeis
Vimos dar as boas festas
E também cantar os Reis.

As Janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis
Olhai lá por vossa casa
Se há coisa que nos deis.

Santos Reis, santo coroado,
Vinde ver quem vos coroou.
Foi a Virgem, mãe sagrada,
Quando por aqui passou.

O caminho era torto,
Uma estrela vos guiou.
Em cima de uma cabana
Essa estrela se pousou.

A cabana era pequena,
Não cabiam todos três
Adoraram Deus-Menino
Todos de uma só vez

domingo, 5 de janeiro de 2014

Vejam lá o filho de uma mangana!

Regresso de uma pausa  curiosa por saber o que aconteceu. Na minha ausência foi a Luzia quem fez  as honras da casa e levantou umas quantas histórias de leitura. Chegam agora as provas , um velho saco , cheio de fotonovelas, as mesmas que a D. Francisca , tinha escondidas por cima do autoclismo, na casa da Senhora. Tinha onze anos e servia no Porto.
Chegam mais duas senhoras e trazem à baila a história da D. Assunção? A Senhora da saquinha. Conhecem? Contou a Senhora  e eu acredito , que em menina, porque o pai não a deixava ir à escola,  todos os dias esperava as afortunadas que podiam ir para a Mestra e oferecia-se para lhes carregar a saquinha.

O grupo reúne-se lentamente.  Perguntam sobre a minha viagem e em torno dela começamos sessão. Uma  toalha de papel  serve de  folha e em cima dela coloco 2 objetos : Uma  caneta esculpida em pau preto , as estórias Abensonhadas do Mia Couto . Vamos lá adivinhar o que andei  a fazer? Registamos palavras a propósito daqueles objetos : Livro , caneta, escrever, ler, histórias. Ensinar, aprender.
Cada objeto é manipulado demoradamente e a escuta é atenta.
- ... e jurei a mim mesma que quando nos voltássemos a encontrar vos iria ler este conto. Chama-se o baile?.... 

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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Dia Primeiro de Janeiro e um DIÁRIO DE BORDO a estrear. Sigam-nos!


Dia 1 de Janeiro
Hoje é dia primeiro e começamos um novo caminho: Um diário de bordo onde queremos partilhar o que acontece -  ao abrigo do projeto “ dos livros sem páginas à página dos livros “ financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian – com os nossos grupos de continuidade .

Desde o princípio sabíamos  que os Largos, aparentemente desertos, estão cheios de estórias  e que a única maneira de recuperar essas estórias é dar voz a quem  as viveu . Tivemos de procurar quem tinha memória nos largos das aldeias, agora desertos e isso conduziu-nos a Lares, Centros de Dia, Centros Comunitários, às vezes  casas, escolas.

Desde o principio que dissemos que este projeto girava em torno das PALAVRAS  , não para formar leitores , mas para proporcionar experiências leitoras . No caminho percebemos que a este papel se devem  juntar outros  : o combate sem trégua ao isolamento social e cultural, às iliteracias, o reforço do tecido social das comunidades e a identidade de um território.
São mais de trinta o número dos idosos que participam nas sessões da Salvada. Na semana passada em  Cabeça Gorda  e  Santa Vitória, mais de 24 , quase todas mulheres. Em Albernoa  uns 10, talvez seja o grupo com menos autonomia.

São mais de trezentas as crianças e famílias tocadas por este pequeno projeto: Salvada, Cabeça Gorda, Beringel, Bairro da Esperança, Baleizão, São Matias, são algumas das freguesias onde já se está a trabalhar a todo o vapor , contando com a colaboração das juntas, dos docentes – pequenos grupos, ação discreta , em continuidade.
Passo a passo, vamos desenhando o caminho, carregando muitas dúvidas na forma de o fazer, tendo cada vez mais a certeza que o trabalho de uma biblioteca também passa por estar em todos estes lugares,  possibilitando momentos de evasão e de expressão das memórias do vivido e do sonhado.

Recordamos cada uma das sessões e descobrimos que já passou um ano de projeto, que temos poucos registos , que só agora começamos a conseguir sistematizar e avaliar o que vai acontecendo. Neste campo, como em muitos outros campos do trabalho de uma biblioteca, tudo demora muito tempo.
Temos também a certeza que  é hora de o começarmos a partilhar no Diário de Bordo!
Vamos a isto!